José De Quadros sobreVIVER

JOSÉ D" QUADROS sobreviver

SESC/SP Pompéia 7 de outubro a 19 de dezembro de 2010

Curadoria Tereza de Arruda

Produção Executiva Prata Produções – Valeria Prata Assistente Fabia Feixas

Produção Guilherme Leite Cunha e Sandra Leibovici

Projeto Expográfico Ana Paula Pontes

Projeto Gráfico Imageriaestúdio – Celso Longo

Projeto Educativo Ana Lucia Garbin e Vera Barros

Montagem das obras Selo Arte

Revisão de Textos Regina Stoklen

José De Quadros sobreVIVER

A produção de José De Quadros iniciou-se por um percurso autodidata ainda no Brasil. Um longo caminho levou-o à Alemanha, onde ingressou na Faculdade de Artes Plásticas de Kassel, formando-se em 1998, com especialização em pintura. Ambas as cidades onde vive, São Paulo e Kassel, sediam duas das mais importantes exposições de artes plásticas – a Bienal de São Paulo e a Documenta de Kassel. Frequentador assíduo desses contextos, José De Quadros sempre saciou nestas fontes sua sede, através do olhar curioso e da aguda sensibilidade. Nesse contexto, foi assistente de Anselm Kiefer, Cildo Meireles e Tunga, entre outros. Por viver em São Paulo e em Kassel, José De Quadros visualiza ambos os contextos tanto como protagonista atuante quanto como observador distante, percorrendo diversas camadas de vivência e de observação crítica social e pessoal. Esta experiência é transposta para sua pintura. Incansáveis camadas de tinta a óleo aplicadas sobre as telas defendem explicitamente uma dupla tendência: velar e revelar relatos históricos e pessoais aí encravados. O desenho faz-se sempre presente através de contornos sutis, transpostos para a superfície pastosa e intensa da tela. As representações são espaçadas e bem definidas, graças à força dos traços individuais a atuar como cicatrizes, testemunhas de um passado remoto ou até mesmo recente. O desenho sobre papel também é um elemento presente na produção recente de José De Quadros. Uma casualidade colocou em suas mãos relíquias da história alemã – exemplares originais dos jornais Völkischer Beobachter, Hessische Post, entre outros, datados de 1931 a 1948. Neles encontra-se todo o relato da ascensão e queda do sistema nazista narrado por fontes locais, em tempo real, e por testemunhas oculares dos acontecimentos. Os originais desses jornais passam a ser suporte de uma série inédita de desenhos de insetos e vegetais extraídos principalmente de material didático escolar alemão, editado entre 1910 e 1960; além de materiais de imprensa, antigos e atuais. Independentemente de todo o entorno que compõe uma carreira artística, há somente um local intacto, no qual se encontram todas as verdades, incertezas, ideias e motivação do processo de criação – o ateliê. Por isso, o ateliê de José De Quadros assume, em diversos momentos, a figura central de sua produção. Esta mostra é concebida em diversos núcleos de séries distintas obedecendo a certa cronologia aqui exposta: Hannah Arendt, Fênix, Jogos de Armar, Kassel Atelier, Atelier São Paulo e Melancolia.

Tereza de Arruda Curadora